sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Dia dos (e)namorados



Cá estamos nas vésperas de mais um dia a comemorar. Ou não? Talvez dependa.

As relações de hoje são muito apressadas. Num dia conhece-se, e, no outro já pouco há a conhecer, pois já se viu tudo. Claro está que não se conhece alguém num dia. Muita das vezes nem em muitos anos. Mas a velocidade com que os relacionamentos de hoje se desenrolam, é quase assustadora. Num dia conhecem-se, no outro casam, mas no seguinte já era. Claro que nos dias de hoje não se suporta um quinto das coisas que se suportava em tempos passados. Mas isso não implica que se perca tudo a que uma relação tem direito. A atracão, o encantamento, a conquista, as borboletas na barriga, a respiração ofegante apenas com um toque. Todo o processo é encantador. 

Hoje em dia, muitas das relações iniciam-se no mundo virtual. Começa-se pelas fotografias, trocam-se umas mensagens, marca-se um encontro, repete-se o encontro, ou não, e já era. Assustador! Os chamados relacionamentos voláteis. Os sentimentos são como as plantas. Tem de se plantar a semente, fazer a rega com cuidado tendo em conta as suas necessidades, tratar o seu nascimento com muito carinho, pois está numa fase muito delicada, falar com ela durante o seu crescimento, atento às suas necessidades, tendo sempre em atenção a luminosidade adequada. Tudo tem de ser feito de forma muito delicada. É um processo com uma beleza extraordinária, mas ao mínimo descuido, ela pode murchar e morrer. Sem qualquer hipótese de renascimento. Aí há que procurar uma nova semente. Um processo bastante delicado.

A forma como as relações de hoje se desenrolam, são de uma frieza e distanciamento medonho. Vazias, estéreis, sem valores. Depois os relacionamentos falham, e as pessoas assustadas, não estão mais receptivas a novos relacionamentos. Medos e frustrações impedem-nas de querer voltar a investir noutra relação. Completamente legítimo. 

Mas onde estão os relacionamentos verdadeiros? Ainda existem?

Sim, existem. Sou testemunha disso. Aqueles que tiveram direito a tudo. À moda antiga, se me permitem a expressão. Belos relacionamentos. Com tempo para cada uma das etapas de um relacionamento. Desde o conhecimento, passando pela paixão, hoje conhecidos como fantásticas histórias de amor. Com isto não quer dizer, que estes relacionamentos não tiveram os seus piores momentos. O seu amor também foi posto à prova, alguma das vezes. Mas essas pessoas conseguiram ultrapassar tudo isso. Dando importância ao que realmente é importante, o amor um pelo outro. Acredito que para tudo isso há uma base fundamental, um sentimento bastante sólido. Mas não só, juntamente com ele tem de haver um conjunto de valores fundamentais para o sucesso dessa base. Não basta amar. Há que saber amar. Os relacionamentos têm de ser alimentados diariamente, e essas pessoas souberam como fazê-lo de forma sábia. Ninguém disse que é fácil. Viver uma vida lado a lado, diariamente sob o mesmo tecto, não é tarefa para qualquer um. Tem de se saber viver. Uma expressão que utilizo com alguma frequência, há que saber viver. Conclui-se então de que ainda existem muitos casos de amor verdadeiro. Com respeito, compreensão e muita amizade.

De importância relevante, nos dias de hoje, a crescente necessidade do autoconhecimento. Dando a possibilidade de relacionamentos mais saudáveis e íntegros. Só com a consciencialização do seu  verdadeiro eu, estará disponível para embarcar numa relação a dois. Caso contrário, poderá dar origem a relacionamentos doentios, de apego e dependência. Cada vez mais as pessoas estão despertas para estas situações. A própria independência e procura da liberdade pessoal de cada um, contribui para relacionamentos a dois mais maduros, com um maior respeito pela liberdade do outro. Ainda faz um pouco de confusão em algumas pessoas, que um relacionamento a dois seja a união de dois seres, e não a fusão de dois seres. Há uma diferença abismal nestas duas posturas. Nem sempre é fácil fugir à fusão. Sempre que se caí na grande paixão, alguma das vezes perde-se o controlo da situação. Para um relacionamento resultar, os dois seres têm de estar em sintonia. Têm de vibrar com energias muito semelhantes. Caso contrário, o que um procura, não é o que o outro está disposto a dar e vice-versa. É importante salientar que quando se embarca num relacionamento, é importante que não se esteja à procura de receber. Quando houver a consciencialização de que dar é o segredo do sucesso, a taxa de divórcios reduzirá substancialmente.

O inicio de um relacionamento é sinónimo da existência de um sentimento pelo outro, tão forte e significativo, que exige o assumir de um compromisso. Mas de um compromisso com os seus próprios sentimentos. Se eu respeitar e for fiel aos meus sentimentos, se-lo-ei para com quem quer que seja, independentemente do tipo de relação que tiver. Daí a importância do autoconhecimento. A descoberta dos próprios valores é essencial a uma vida integra. Se os dois respeitarem os seus valores, teremos como resultado, relações mais saudáveis e completas.

Voltemos então ao tema inicial, existe mesmo dia dos (e)namorados? Primeiro quero justificar o porquê do termo, enamorados. Gosto particularmente de usar este termo porque me identifico com ele. Enquanto que a palavra namorado, me parece banal, que não tem mais significado, enamorado, para mim, quer dizer tudo, apaixonado, encantado, cheio de amor para dar. Daí a minha preferência. 

Como já deu para perceber, sou uma romântica incorrigível, pois acredito que para tudo na vida tem de se estar apaixonado. A vida tem de ser vivida apaixonadamente. Como ouvi alguém dizer um dia, para a tua vida fazer sentido tens de arranjar um amante. Entenda-se amante em sentido figurado. Quer isto dizer que para que a vida faça realmente sentido, temos de ter uma paixão, algo que nos dê realmente prazer em fazer, seja lá o que isso for. O que eu concordo na integra. Faz sentido ter prazer naquilo que se faz. Só assim faz sentido viver. Talvez tudo o resto se resuma a sobreviver.

Convém, no entanto salientar, que os contos de fadas são crenças do passado. A vida real não é bem assim. O que é hoje pode já não ser amanhã. Pois esse presente amanhã chamar-se-á de passado. Quem vai querer ter um passado oco de recordações. Temos de celebrar o momento, o presente. Ele contribuirá para o nosso futuro amanhã. O presente de hoje, nunca será completamente igual, ao futuro presente de amanhã. Cada minuto que distancia esses dois momentos temporais, seja de forma consciente ou não, injecta-nos de informação e/ou experiências que nos vai enriquecer, transformando-nos num ser díspar. 

Acho que todos os bons momentos deverão ser celebrados. A vida é feita disso mesmo, momentos. Se tem uma relação feliz, se está apaixonado, celebre, festeje. Tem todos os motivos para o fazer. E não arranje desculpas para o não fazer. Celebre com o que tiver para celebrar. Essa celebração pode ser feita da forma mais simples. Basta ter um pouco de imaginação. Sem qualquer necessidade de contribuir para o puro consumismo. Não interessa o quanto gasta para o fazer, mas o que sente enquanto o faz. Faz toda a diferença na celebração. Mas não deixe passar essa data em branco. Faça com que se lembre dela nos restantes dias do ano. O amor deverá ser celebrado. É o sentimento mais nobre na terra. Honre-o! Festeje-o! Sinta-se grato porque ele está na sua vida. 

Antes ainda de terminar...se não tiver cara metade na sua vida, celebre com o seu espelho, pois esse é o maior romance da sua vida. Aquele que você tem consigo próprio! Esse romance chamado de amor próprio, é a base de qualquer outro romance. 

Feliz dia dos enamorados!

Margarida

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