terça-feira, 30 de agosto de 2016

Meu querido a Gosto



Olá a Gosto!
Como estás?
De partida?
Como foi a estadia este ano?

O teu nome é associado, para grande parte das pessoas, a férias, a bons momentos, descanso, lazer. A maioria dos momentos congelados que fazem parte dos álbuns de recordação, ou que se fazem expor pelas casas, têm como data de realização um dia do teu mês. Não tenho nada contra ti. Mas a tua chegada é sinónimo de confusão em todo o lado.

Qualquer tarefa, por mais simples que seja, se complica durante a tua estadia. Uma simples ida ao super-mercado, fica mais demorada e é preciso cuidado para não esbarrar em alguém pelo caminho, com o carrinho de compras. Um jantar fora, para além de ter de se marcar mesa, é quase sempre mais caro e em pior qualidade. Uma ida à praia, ou se gosta de confusão, ou se tem um barco para os ainda locais mais refundidos, ou se permanece em meditação enquanto lá se está.

Muito embora tu pregues algumas partidas àqueles que trazes por cá. Eles vêm atrás do sol e da praia. Mas como gostas de brincar, acrescentas umas nuvens no cenário. E na maior parte das vezes, elas até trazem água. Para que nos possamos refrescar com ela. Talvez porque te aborreces de dias tão idênticos. Tu não tens a monotonia como amiga. Gostas de variar. E nisso és fantástico. Porque gosto especialmente desses dias. Que me perdoem todos aqueles a quem tu lhes estragas alguns dias de férias com essa brincadeira. Mas muitos dias seguidos de calor também cansa. E tu entendes-me. 

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Soldados da paz

                                   Foto de Rui Duarte Silva

Cá estamos nós em mais um verão seco de muito calor. Favorável às férias, ao descanso e ao lazer. Mas não para todos. Há aqueles em que esta é a altura de mais trabalho. Muita das vezes trabalho não remunerado. Trabalho em prol do bem estar alheio. Em defesa de vidas. Em protecção da Mãe Natureza. Aqueles que vestem a farda de protecção do seu físico, mas em que cada partida, pode não haver regresso. Aqueles que estão dispostos em dar a sua vida na ajuda do próximo.

Por mais que se tente, por maior capacidade empática que tenha, parece-me difícil conseguir colocar-me no lugar destas pessoas. Talvez sejam as pessoas com maior coração que existem neste mundo. Elas amam o próximo, tal como amam a si mesmos. Dispostos a tudo para concretizar o seu trabalho. A sua tarefa. Cada saída pode ser uma despedida. Uma despedida desta vida. Mas isso não lhes mete medo. Aliás, eu acho que estas pessoas não devem ter algum medo nesta vida.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Pequenos nadas

Hoje, enquanto conduzia, tive o prazer de testemunhar o mais belo momento do dia. O momento em que a mãe natureza nos presenteia com a sua poesia no seu expoente máximo.

Os pensamentos pararam. O meu olhar fixou. Abrandei a velocidade. Ainda pensei em parar e gravar aquele momento. O momento! Mas não. Dei-me ao luxo apenas de o admirar. De o respirar. De me deixar poesiar pela natureza. Pela preciosidade do momento. Como pode uma despedida ser surpreendentemente bela?!

...e o sentimento que me inundou foi, gratidão!

Margarida

quinta-feira, 17 de março de 2016

Quem é o Pai do filho?


Mulher - Onde está o Joaquim?
Marido - Está com o António.
Mulher - E onde foram?
Marido - Foram ver o Pai.
Mulher - O Pai de quem?
Marido - O Pai do teu filho! Do meu é que não há-de de ser!!
Mulher - Como tens tanta certeza?
Marido - O Pai do meu filho, sou eu!
Mulher - Será?! (risos, risos, risos...)

As famílias actuais são de uma heterogeneidade que a comunicação acaba por ser cómica, sempre que haja um bom sentido de humor como pano de fundo. Acontecendo em segundas e terceiras relações com filhos das anteriores relações. Menores a coabitarem na mesma casa como irmãos, sem terem qualquer laço de sangue. Onde os fins de semana e as férias são divididas entre as diferentes grupos familiares a que pertencem. 

Poderemos então dizer que as famílias actuais não se dividem, mas que se multiplicam. Juntamente com o parceiro do progenitor, as crianças de pais separados acabam por ganhar novos laços com os familiares desse parceiro.

Uma separação, seja ela qual for, independentemente da causa e da qualidade da relação existente, é sempre dolorosa. Para os pais e para os filhos. Agravando-se sempre que haja uma degradação relacional pré-separação. Assistir a discussões e agressões verbais constantes, influencia grandemente o desenvolvimento dos filhos. Não só enquanto futuros adultos, mas também nos relacionamentos futuros que estes venham a ter. Sejam eles com os progenitores ou com futuras famílias. Apesar do desejo de qualquer filho de ter os pais juntos, já começa a ser uma constante, preferir tê-los separados, mas felizes, do que juntos e infelizes. Nesta situação é fulcral a forma como os pais e toda a família encara e gere a separação. Deverá ser de forma madura e equilibrada. Pais maduros psicologicamente procuram minimizar o sofrimento dos filhos, explicando-lhes de forma honesta e serena, para que estes compreendam e a aceitem. É de primordial importância uma atitude coerente e equilibrada dos pais de forma a evitar danos futuros.

segunda-feira, 7 de março de 2016

She




Ela é delicada, activa e perfumada
Ela é subtil, autêntica e talentosa
Ela é sensível, forte e esforçada

Ela é sábia, doce e harmoniosa
Ela é encantadora, meiga e sensual
Ela é esplendorosa, princesa e graciosa

Ela é jovial, madura e inteligente
Ela é Avó, Mãe e menina
Ela é tímida, ousada e prudente

Ela é fidedigna, sincera e temperamental
Ela é alegre, terna e valente
Ela é suave, firme e natural

Ela é humana, sincera e generosa
Ela é talentosa, quente e sedutora 
Ela é ardente, escultural e preciosa

Ela é sensual, racional e carinhosa
Ela é bela, cautelosa e admirável
Ela é quente, linda e formosa

Ela é mulher!
Ela é única!

Margarida

sábado, 20 de fevereiro de 2016

A nossa mascote



Animal de estimação é aquele animal que coabita connosco, que partilha o mesmo espaço, que faz parte da família. Para mim não existe outra forma de ter um animal de estimação. Ele faz, definitivamente, parte da família. É um membro da família. Quando se vêem aquelas fotos de família, existe sempre lá um animal que faz parte dessa família. Porque ter um animal é isso mesmo, seja ele cão, gato, coelho, porquinho-da-índia, periquito, ou outra espécie de eleição. 

Como o próprio nome indica é um animal que se estima. Que se lhe dedica tempo, esse bem tão precioso. Eu costumo dizer que se queres saber o quanto um ser é importante para ti, contabiliza o tempo que lhe dedicas, logo saberás a resposta a essa questão. A nossa mascote, vive connosco, ela não tem trabalho, amigos, actividades lúdicas. Ela vive exclusivamente para nós. Isto dito assim parece tão egocêntrico. Mas é mesmo assim. Certo que se nos referirmos aos gatos, eles são um pouco mais independentes, vão dar os seus longos passeios, e, não ficam todo o tempo à espera da atenção do humano. Mas o cão, esse é um dependente por natureza. Quer atenção e mimos a qualquer altura. Sim, porque embora ele perceba, pelos rituais e cheiros que não são horas para mimos, não quer saber, está ali para os receber. Eles são capazes de ficar horas, e mais horas, à espera da altura dos seus humanos chegarem. Porque esse é o momento alto do dia. E a alegria demonstrada é contagiante. Poderemos considerar-nos egocêntricos por ter um animal à nossa espera todos os dias, e, que nos faz sentir um ser mais amado à face da terra?! Claramente que não. Porque esse animal também é amado. E ele sabe disso das mais diferentes formas de demonstração que lhe são dadas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Chegará o dia em que estaremos preparados para sermos pais dos nossos pais?



Deste palco a que chamamos de vida e que não permite quaisquer ensaios, sairá a nossa maior obra de arte. Deveremos encará-la como um filme em que somos os principais autores. Toda a produção cinematográfica está a nosso cargo. Somos os únicos responsáveis por esse filme.

Poder-se-à dizer, que o início desse filme é o fenómeno mais belo da nossa mãe natureza. A chegada de um novo ser, o início de uma nova vida. A alegria dos pais e de todos os familiares. As famílias cresceram como consequência do amor entre dois seres. Existirá algo mais belo?!

Aí se inicia o desempenho dos papeis dos diferentes actores desse filme. Os pais, enquanto progenitores e cuidadores, terão o papel vital nos primeiros tempos de vida desse ser. Esses primeiros meses, anos de vida, poderão mesmo ser decisivos no futuro adulto. Uma criança muito amada e educada de forma responsável, dará um adulto bem formado e preparado para a vida.

Alguns anos mais tarde, chega o momento em que a cria está pronta a sair do ninho e a levantar voo. Com algum receio, os pais incentivam-no ao seu primeiro voo. Vai, tu consegues! Se caíres, nós ajudamos-te a levantar. Mas vai! E à segunda, terceira tentativa, ele levanta voo em direcção à sua própria vida. A sua base está completa. Os pais deram por concluído o seu papel de educadores. Agora eles apenas querem saber se o filho está bem. Se a base o ajudou na formação da sua própria vida, e se fez dele um adulto feliz.

Esta fase é interessante, no sentido em que são todos adultos na família. O filho já seguiu o seu caminho, e, poder-se-à mesmo dizer que estão todos em pé de igualdade. Discutem-se ideias, temas de interesse comum, confraterniza-se em todos os momentos de reunião familiar. Aqui, no mundo dos adultos, todos assumem o seu papel, respeitando sempre  o espaço de cada um. Esse talvez seja o segredo do sucesso de muitas famílias. Apesar da família de raiz ser para toda a vida, sempre que não se respeita o papel de cada um nessa família, podem haver consequências desagradáveis a nível relacional no grupo. Como em todos os grupos, cada um tem de saber desempenhar o seu papel. Desengane-se, se pensa que pelo nome do grupo ser família, que não haverá regras a seguir e que terá livre arbítrio no mesmo.

Passam os anos e o tempo não pára. Em todo o sentido lato da palavra. O tempo passa pelas pessoas, ou, como prefiro dizer, as pessoas passam pelo tempo. Permitir que o tempo passe por nós, soa-me a uma vida que voa ao sabor do bando que a circunda, permitindo o tempo passar, de forma passiva. Já uma pessoa que passe pelo tempo, faz o seu voo de forma activa, escolhendo o canal de voo, tendo sempre em consideração que o tempo não pára e que esse voo tem de valer a pena, pois não tenciona repeti-lo. Começa aqui a inversão dos papeis. O filho bem formado, já conseguiu fortalecer as suas asas e já não precisa da ajuda dos pais. Por sua vez, pela ordem natural da vida, os pais vão enfraquecendo. Já não são o que eram. Já não são aquelas figuras de protecção a que se tinha acostumado. Agora são eles que começam a precisar de ajuda. Os pais apoiaram o seu primeiro voo, agora, o filho torna-se necessário para supervisionar os voos rasteiro dos pais. Pois a força está cada vez mais fraca e a saúde começa a escassear.

Começa aquela sensação de procura pela figura forte, que nos ensinou os primeiros passos. Mas agora é essa figura que começa a deixar de conseguir andar. A inversão dos papeis continua.

Eis que chega o momento em que eles precisam de todos os cuidados. Eles, aqueles seres que nos trouxeram ao mundo. Que nos ensinaram tanta coisa, que nos acarinharam, que fizeram tudo pela nossa felicidade, estão completamente dependentes de tudo e de todos. Tal como nós tivemos quando chegamos a este mundo. Mas agora no sentido inverso. Nós vimos a seguir à introdução do livro, mas eles já estão nas referências bibliográficas.

Passa-nos um misto de sentimentos no coração, passa-nos um misto de pensamentos na mente. Um rol infindável deles. Em poucos momentos a vida deles passa-nos pela mente, como que um filme em modo rápido, com todas as emoções inerentes a cada um desses momentos. Tudo começa a ter um cheiro de despedida. Sim, existe esse cheiro. Um aroma estranho que tem o poder de nos secar a boca, esvaziar o olhar e apertar o coração.

E ali estamos nós com os nossos pais que agora voltaram a ser bebés. Mas são uns bebés muito especiais. Eles não acabaram de chegar. Eles estão a preparar a partida. Seja lá para onde for, será uma partida. E nós? Nós estaremos preparados para este papel que também faz parte do palco da nossa vida? Ser pais dos nossos pais? Estamos?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Dia dos (e)namorados



Cá estamos nas vésperas de mais um dia a comemorar. Ou não? Talvez dependa.

As relações de hoje são muito apressadas. Num dia conhece-se, e, no outro já pouco há a conhecer, pois já se viu tudo. Claro está que não se conhece alguém num dia. Muita das vezes nem em muitos anos. Mas a velocidade com que os relacionamentos de hoje se desenrolam, é quase assustadora. Num dia conhecem-se, no outro casam, mas no seguinte já era. Claro que nos dias de hoje não se suporta um quinto das coisas que se suportava em tempos passados. Mas isso não implica que se perca tudo a que uma relação tem direito. A atracão, o encantamento, a conquista, as borboletas na barriga, a respiração ofegante apenas com um toque. Todo o processo é encantador. 

Hoje em dia, muitas das relações iniciam-se no mundo virtual. Começa-se pelas fotografias, trocam-se umas mensagens, marca-se um encontro, repete-se o encontro, ou não, e já era. Assustador! Os chamados relacionamentos voláteis. Os sentimentos são como as plantas. Tem de se plantar a semente, fazer a rega com cuidado tendo em conta as suas necessidades, tratar o seu nascimento com muito carinho, pois está numa fase muito delicada, falar com ela durante o seu crescimento, atento às suas necessidades, tendo sempre em atenção a luminosidade adequada. Tudo tem de ser feito de forma muito delicada. É um processo com uma beleza extraordinária, mas ao mínimo descuido, ela pode murchar e morrer. Sem qualquer hipótese de renascimento. Aí há que procurar uma nova semente. Um processo bastante delicado.

A forma como as relações de hoje se desenrolam, são de uma frieza e distanciamento medonho. Vazias, estéreis, sem valores. Depois os relacionamentos falham, e as pessoas assustadas, não estão mais receptivas a novos relacionamentos. Medos e frustrações impedem-nas de querer voltar a investir noutra relação. Completamente legítimo. 

Mas onde estão os relacionamentos verdadeiros? Ainda existem?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O poder do senhor Acaso




Uma vida com cem acasos no seu percurso, ou, uma vida sem acasos? Os acasos existem, ou, são meras justificações para o inexplicável imediato? Acasos de sorte e/ou azar, ou, fizemos algo, de alguma forma, para atrair aquele acontecimento? ...

Teria uma infindável lista de perguntas sobre este tema, que poderia relatar. Mas a questão de fundo é somente uma: o porquê. Porque nos acontece o cenário A, B ou C. 

Por segundos perdi o comboio. Foi azar, porque precisava de o apanhar para chegar ao meu destino. Ou, foi sorte, porque estava sem qualquer vontade, para chegar ao dito destino. Ou foi simplesmente obra do famoso acaso.

Quando poderemos, ou não, aplicar a responsabilidade ao acaso. Quem é esse senhor para o responsabilizarmos, do que quer que seja, que nos acontece nesta vida. Esse senhor deve ter umas costas bem largas. Porque é tão mencionado, em tantas línguas, em todo o mundo. Famoso, esse senhor. Como conseguiu ele ganhar tamanha celebridade. O porquê chamou por ele, e, na ausência de uma resposta imediata para esse porquê, ele, senhor Acaso, consegue responder a todo e qualquer porquê. Que poder!