O que vêem os teus olhos?
O que é tão óbvio na tua vida, que ainda não conseguiste ver?
Porque foges do espelho do teu olhar?
O olhar segreda os nossos mais íntimos segredos. Os lábios podem ludibriar
o significado do olhar. O silêncio das palavras pode tentar omiti-lo. Mas o seu
brilho emite uma linguagem universal. A linguagem da verdade. A expressão da
alma.
No silêncio das palavras fazem-se longos discursos. Dizem-se palavras.
Expressam-se emoções. Expressam-se sentimentos. Que talvez nunca sejam ditos
pelos lábios. Que talvez o intelecto nunca tenha a coragem de os manifestar de
outra forma. De uma forma audível. Porque desta forma eles ficam graciosamente
elevados. A intensidade vivida é inalcançável com a linguagem das palavras.
É fácil embalar nas palavras inaudíveis de um olhar. De um brilho que nos
envolve a alma. Que nos eleva a um nível só nosso. Inatingível aos mais
distraídos. E por lá ficamos embalados numa troca de mensagens visuais, que só
os intervenientes entendem. Só eles sabem onde estão. Só eles se permitem lá estar.
Sem tempo. Sem espaço. Sem! Apenas porque se encontram a viver a intensidade do
silêncio de um olhar.
Os teus olhos vêem o que tu quiseres que eles vejam. Tanto poderão ver a
secura no oceano. Como conseguirão ver a beleza de um árido deserto.
O mais óbvio é aquilo a que mais resistes na tua vida. Aquilo que mais se
repete e continuas a não querer perceber porquê. Então os teus olhos fecham-se a essa realidade.
Fugir do espelho do teu olhar, é fugir da tua verdade.
Margarida
Sem comentários:
Enviar um comentário
A vida é feita de partilhas. Deixe a sua opinião.